Soberbo ! Esta foi a apreciação que os Bretões atribuíram a esta 4ª edição do Raid a Portugal…
Soberbo ! Esta foi a apreciação que os Bretões atribuíram a esta 4ª edição do Raid a Portugal, o qual se desenrolou em seis etapas, do dia 2 a 7 do passado mês de Maio.
De novo as “Task – Forces” do 2CV de Coimbra (capitaneadas pelo Carlos Mesquita) co – organizaram o Raid, tendo sido editado para o efeito um “Road Book” preciso, logo detalhado e com um lombada a rivalizar a da lista telefónica.
O desenho do percurso assentou essencialmente em trilhos e estradas de montanha, com muita condução off – road e onde nem sequer faltou o trial.
Às 15 viaturas 2CV e derivados (mehari, forgunetas AK e acadianes) juntaram-se 2 jipes (um já clássico e outro mais recente) e ainda um camion TT oficina de 8 toneladas (ex exército Francês), todos oriundos da Bretanha. A esta caravana, foram-se juntando diversas equipas portuguesas, ao longo das diferentes etapas do percurso.
A maioria dos 2CV franceses e alguns dos portugueses, estão já adaptados na configuração Raid, especialmente no que diz respeito ao reforços das suspensões e chassis. No entanto, os 2CV comuns passaram também e alegremente, por cima de “toda a folha”.
O único susto e não passou disso mesmo, aconteceu quando o camião oficina ao atravessar uma vala oblíqua de meio metro de profundidade, numa íngreme descida salpicada de calhaus (algures na Serra da Estrela), iniciou uma chiadeira que de imediato foi relacionada com a caixa de transferências arrasada. A dúvida seguinte foi; – como tirar dali um monstro daqueles, pois seria de todo impossível utilizar-se um reboque pesado naquele trilho! Valeu o facto da avaria ser bem mais simples e os mecânicos rapidamente terem realinhado a ventoinha de arrefecimento do motor, a qual, devido à torção, pura e simplesmente encostou … onde não devia.
Estes Raid’s pela sua dureza, extensão e condições, são uma excepção neste tipo de eventos em Portugal e as fotografias juntas mostram uma ambiência bem diferente das luzidias concentrações mais comuns. Quanto à dureza, pontuam as etapas em terra existentes nas belíssimas serras do nosso País, sejam elas; – no Montesinho, Gerês, Alvão, Montemuro, Lapa, Gralheira, Estrela, Açor, Lousã e Bussaco. Tanto se alterna entre um trial feito com cuidado, como se acelera a fundo em trilhos poeirentos, com óculos de mota e máscara cirúrgica, em especial nos Mehari que são abertos.
A extensão das etapas obriga a uma média de condução de 6 horas diárias e é sempre conveniente chegar relativamente cedo aos acampamentos, pois há que montar tendas, fazer uma manutenção (ainda que mínima) aos automóveis, tomar um duche reconfortante, jantar bem (dado que o almoço é sempre ligeiro) e enfim cama, pois no dia seguinte a alvorada é, invariavelmente, às 7,00 horas.
Este programa não é aparentemente muito convidativo, mas a condução de um 2CV em si mesma, aliada aos espaços amplos e soberbos percorridos, justificam sobejamente os sacrifícios.
Para o ano que vem haverá mais do mesmo, mas desta feita o destino será a Macedónia e Albânia e como vem também sendo hábito ( de 2 em 2 anos), portanto em Maio de 2005, o destino será de novo Portugal.
Lisboa 13 de Junho de 2003
Luis Francisco Gouveia